quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A HELIBRAS, através do Clube do Piloto, lançou um concurso chamado História de Piloto. A história enviada pelo Cmte.Dato de Oliveira,que narra uma situação bastante crítica,vivida por ele,foi a vencedora.

"Era dia 17de janeiro de 2002,por volta das 12:30 h.Sou acionado para um voo panorâmico sobre São Paulo.Faço a Notificação de Voo e solicito o abastecimento para o PT-HNU, um HB350B, que ficava hangarado na antiga Aeromot,no Aeroporto Campo de Marte/SP.Com tudo pronto, peço à secretária para trazer os passageiros.Chegam dois rapazes bem vestidos ,sou apresentado à eles e pergunto se são de São Paulo, no que respondem que sim.Após a decolagem o passageiro à minha esquerda me pergunta onde fica o Shopping Guarulhos, no que respondo e ele solicita que me dirija para lá.Não estranhei,pois poderia ser uma referência para ele localizar sua residência, a de amigos ou parentes.Após passar pelo shopping, o passageiro sentado logo atrás de mim, quis saber o que tínhamos à nossa direita.Olhei e disse que era o Parque Ecológico do Tietê.Percebi,tarde demais,que a intenção era me distrair,pois quando me voltei,vi o passageiro da esquerda com um revólver.Ele levantou meu braço esquerdo, fazendo com que eu soltasse o comando coletivo ,  tirou meus fones de ouvido e pediu para desligar os rádios.Falei que faria o que eles quisessem, mas era para me deixar voar.Esse passageiro diz ao comparsa  para tomar conta de mim, no que sinto então,uma arma encostada na nuca.Aí veio a orientação: entrar  num presídio em Guarulhos para resgatar dois detentos.Mesmo avisando da proibição de sobrevoar presídios, eles insistiram e acabei entrando entre dois pavilhões.Toquei os esquis, numa quadra, sem completar o pouso.Um detento entra.Inicio a decolagem, na vertical e imediatamente a arma foi apontada para minha cabeça,junto com a solicitação para  que  eu retornasse.Entra ,então,um segundo detento que senta-se à minha esquerda, no lugar antes ocupado por um dos sequestradores.Ele pediu que eu tomasse o rumo da Rodovia Anhanguera.O tempo entre a chegada,os dois toques e a decolagem,foi de 28 segundos,conforme informação das autoridades,no local, fornecida aos órgãos de imprensa.Esse detento,me perguntou se o transponder estava desligado e me disse que quando pousássemos era para eu cortar o motor.Fiquei intrigado por ele conhecer termos relacionados à aviação.Só depois,num dos tantos depoimentos que tive que prestar,é  que fiquei sabendo que ele era piloto e  tinha seiscentas horas de avião.Esse fugitivo-piloto, me indica um campo de futebol de várzea,no município de Embu,onde  todos desembarcaram e se perderam na multidão que se forma,sempre que um helicóptero chega em locais descampados.Retorno ao Campo de Marte,de táxi.Eu não queria acreditar naquela triste realidade.Amigos estavam assustados,pois a notícia que chegara,para eles, era de que  haviam atirado em mim.Meu primeiro depoimento,dos seis que tive que prestar,foi no DEIC.Após meia hora de interrogação,o delegado entendeu que eu fui vítima.Acabei elogiado,pois ele disse que os marginais deram sorte em sequestrar um piloto experiente  e também, por estarem à bordo de um helicóptero Esquilo.Deu tudo certo.Para eles ,que fugiram e para mim,que continuo por aqui.Graças a Deus.Sempre."